quinta-feira, 16 de julho de 2009

Além da boa notícia: marcos do desenvolvimento brasileiro recente

A estabilidade macroeconômica brasileira foi alcançada a duras penas.
A primeira fase do Plano Real (1994 a 1998) teve como mérito o término de um longo ciclo hiperinflacionário.
Porém, a estabilidade efetiva teve início em 1999, após o agravamento da crise da Rússia, em agosto de 1998.
Os marcos desta estabilidade foram o sistema de metas de inflação (do qual faz parte o regime de câmbio flutuante), a Lei de Responsabilidade Fiscal e a autonomia (ainda que informal) do Banco Central.
Estas reformas foram feitas ao longo do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
A partir de 2001, com o slogan "exportar ou morrer", Fernando Henrique Cardoso implementou medidas de incentivo às exportações que, apesar de criticadas na ocasião, contribuíram para lançar o país em um ciclo vigoroso de expansão das exportações.
Graças à esta expansão, impulsionada fortemente pela conjuntura ímpar de crescimento do comércio internacional, o governo Lula foi capaz de evitar uma recessão nos seus dois primeiros anos (de 2003 a 2005).
O motor do modesto crescimento da economia brasileira no período de 2003 a 2005 foi a expansão do comércio internacional, por um lado, e as reformas que permitiram o aumento das exportações, por outro.Os crescentes superávits comerciais amortizaram os efeitos recessivos dos arrochos fiscal e monetário implementados para combater a inflação.
A questão da demanda externa estava, finalmente, bem encaminhada. Mas faltava ao país a retomada do dinamismo da demanda interna (consumo, investimento e gastos públicos).
Lula, antes de tomar posse, avisou ao mundo que iria instituir o "Fome Zero".
Mas o país não era faminto.
Era, e infelizmente ainda continua a ser em muitas regiões, desnutrido.
Lula quis combater a fome, mas ao povo não foi feita a pergunta de Arnaldo Antunes compositor do rock "Comida", dos Titãs: "Você tem fome de quê?""
O "Fome Zero", após patinar em 2003 na gestão de Frei Betto, acabou se tornando um poderoso programa de bem-estar social.
Seu mérito: agregar e aprofundar os vários programas sociais implementados anteriormente.
A gestão de Dona Ruth Cardoso e as idéias de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Marcelo Néri, Ricardo Paes e Barros e Eduardo Suplicy, foram parte importante deste processo.
Afora a chatice de ser também uma eficaz máquina de votos, as várias bolsas que compõem esta rede de proteção social têm contribuído para a redução dos níveis de pobreza e de desigualdade e vem ajudando na missão de manter o nivel de consumo da classe C em alta desde o final de 2004.
O povo, como Arnaldo Antunes já dizia, tinha fome também de "diversão e arte" e "queria a vida como a vida quer". As séries temporais do consumo de vários bens de consumo duráveis e não-duráveis mostram uma alta correlação com o aumento dos rendimentos da classe C.
Lentamente, como convém a um país com tradição democrática, a parte boa do PT e do PSDB têm conseguido transformar em política econômica o pensamento social-democrata do Brasil.
Assim, o que os setores radicais da esquerda chamavam de neoliberalismo, foram as reformas necessárias para a lenta construção de uma estabilidade associada à crescimento sustentado.
E o que setores liberais radicais de direita diziam ser assistencialismo e demagogia com dinheiro público foi a construção de programas sociais que capazes de, ao longo do tempo, resgatar uma enorme dívida social que no início dos anos noventa muitos julgaram como impagável.
Primeiro vieram a estabilização e algumas reformas, como o Proer e a tão discutida reforma patrimonial (1994-1998).
Depois vieram as reformas macroeconômicas já mencionadas (1999) e o fator previdenciário (que conferiu uma racionalidade mínima ao problema da Previdência Social).
Em seguida, já com o câmbio em dirty floating, o impulso às exportações.
Por fim, a retomada do dinamismo do mercado interno, motivada pelo aumento do consumo privado das classes mais baixas e pelo (infelizmente excessivo) aumento do gasto público.
Mais recentemente, a queda da taxa Selic vem completando o ciclo virtuoso dos quinze anos do Real.
Finalmente, deixo para o final a minha leitura de uma boa notícia econômica: a demanda por crédito cresceu 4% no Brasil e superou o nível atingido antes da crise.
Todas as classes de rendimento registraram aumento na demanda por crédito.
O maior avanço, de 5,2%, ocorreu no segmento dos consumidores com rendimento mensal de até R$ 500,00.
Resumo da opereta: isto não ocorreu por acaso.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

40 anos do Vietnã

Em 1969 foi há quarenta anos um período inesquecível na história humana por motivos bons e ruins.
Naquele ano o governo dos EUA conduziu com êxito absoluto a chegada do homem na lua através da missão Apolo comandada por Werner Von Braun ( engenheiro alemão, ex-cientista do III Reich alemão e pai do foguetes V 1 e V2 que foram o horror do povo inglês durante a 2ªguerra mundial.)
Esse fato ocorreu no mesmo ano do famoso festival de música de Woodstock realizado em agosto na fazenda do mesmo nome nos arredores de New York City. Era o auge do movimento hippie e da contracultura. Em Woodstock cerca 500 mil jovens se reuniram em três dias de “paz, amor e música” pedindo uma nova ordem mundial e bradando contra a famigerada guerra do Vietnã que devastou o sudeste asiático. Pelo festival de Woodstock passaram nomes emblemáticos da música e do o rock universal como Janis Joplin, Jimi Hendrix, o indiano Ravi Shankar, Joan Baez que era esposa de Bob Dylan e grávida de 6 meses na época, Carlos Santana , The Who, Crosby/Still/Nash & Young numa apresentação inesquecível de Sweet Judy blue Eyes, entre outros.
Na seara política, o gaúcho de Bagé General Emílio Garrastazu Médici governava o Brasil com mão de ferro amparado pelo triste AI -5. Nosso país vivia os horrores da repressão política e das torturas nos porões do DOI-COIDI. E nos EUA o republicano Richard Nixon tentava de todas as formas tirar seu exército do atoleiro da guerra do Vietnã (1967-1975) .
As atrocidades americanas, uma entre tantas, vieram a tona quando em dia 16 de março de 1968, uma patrulha do exército americano liderada pelo tenente William Calley massacrou 500 civis indefesos (mulheres, crianças e idosos) na da aldeia de My Lai no Vietnã. Calley ficou apenas 3 anos presos e depois foi indultado.
Os protestos intensificaram-se dentro e fora dos EUA. Em várias manifestações públicas a maioria do povo americano estava cada vez mais discente da necessidade da guerra e do sofrimento dos soldados front de batalha. Haja vista o conflito no campus da Universidade de Kent onde a polícia americana matou vários estudantes .
O envolvimento americano teve seu início quando da derrota francesa em Dien Bien Phu em 1954. Logo os americanos ficaram receosos do avanço comunista e fizeram de tudo para frear a expansão da influência soviética na região.
O pretexto para a invasão foi o conflito (mentiroso) no golfo de Tonkin onde Lyndon Johnson enganou o povo americano para conseguir apoio para a sua política no Vietnã’.
1969 entrou para a história como auge do envolvimento americano na guerra onde morreram mais de 55 mil soldados americanos e cerca de um milhão e meio de vietnamitas. 300 mil soldados americanos ficam feridos ou aleijados. Os EUA jogaram 7 milhões de toneladas de bombas sobre o Vietnã ( 3 x mais que na 2ª guerra).
Os principais senhores da guerra foram o secretário americano Robert McNamara (ex-executivo da Ford Motor Company) que gostava de encher sua mesa de trabalho com mapas recheados de dados estatísticos com as mortes dos soldados para decidir onde atacar depois. Além desse Sr outro direto responsável pelo banho de sangue no sudeste asiático foi o diplomata (de triste memória) Henry Kissinger.
Kissinger foi o diplomata americano que participou das conversas de paz realizadas a partir de 1970 em Paris com o fim de dar uma saída honrada à guerra do Vietnã.
Alguns dos críticos de Kissinger acusam-no de ter cometido crimes de guerra durante sua longa estadia no governo como dar luz verde para a invasão indonésia de Timor (1975) e a golpes de estado no Chile e no Uruguai(1973); entre tais críticos incluem-se o jornalista Christopher Hitchens (no livro The Trial of Henry Kissinger) e o analista Daniel Ellsberg (no livro Secrets). Apesar de essas alegações ainda não terem sido provadas em uma corte de justiça, considera-se perigoso para Kissinger entrar em diversos países da Europa e da América do Sul.
Se hoje o Vietnã está migrando para o sistema capitalista é outra história, o fato é que a guerra foi insana e criminosa e o ano de 1969 não será esquecido.

Prof. João Neutzling Jr
Economista, Mestre em Educação.
Prof. da Faculdade SENAC Tencologia
e Anhanguera Educacional S/A

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Brasil na The Economist!

Essa semana saiu na The Economist uma matéria sobre o Brasil. Infelizmente não se trata de crescimento econômico, desenvolvimento ou os 15 anos do Plano Real, e sim da atual situação do Senado brasileiro. A reportagem, bem irônica, cujo titulo é House of horrors, trata dos escândalos o do Senado brasileiro. Infelizmente, esses são um dos motivos pelo qual o Brasil acaba tendo pouca credibilidade a nível internacional!

Fonte:
http://www.economist.com/world/americas/displaystory.cfm?story_id=13998624

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Um pouco de café com leite

É inevitável não falarmos de futebol. Na noite passada completou-se para os dois principais clubes gaúchos, Grêmio e Internacional, uma seqüência histórica de eliminações em importantes competições, como Libertadores da América e Copa do Brasil, respectivamente. Jogos que a dupla não perdeu, mas também não ganhou.
Na quarta, o badalado plantel branco merengue (descaracterizando o vermelho morango tradicional) da Av. Padre Cacique entrou em campo para reverter um placar adverso, com o apoio oportunista de Fernando Carvalho, que havia jogado no “colo” da arbitragem da partida o fardo do embate que seu plantel haveria de passar. Na outra ponta o ícone do fracasso: Vitório Píffero. Ele declarou que as portas da antiga coréia colorada estariam abertas para os sócios assistirem a partida (que partida? Na coréia somente se enxerga a cintura do jogador).
E assim foi, empurrado por aproximadamente 50 mil sócios fanáticos, apaixonados ao ponto de pagar mensalidade, correr para comprar ingressos pela internet (sem sucesso), efetivar a comprar pelo triplo do preço com um cambista e ainda com a possibilidade de parar na coréia, que o colorado caiu diante de Jorge Henrique (a lá Nelson Nedi com passinhos de Michael Jackson) e Ronaldo bola. Lógico, tudo isto em um palco candidato a sede da Copa do Mundo de 2014 e incapaz de sediar a finalíssima da Taça do Brasil.
Já pelo lado do Imortal Tricolor a derrota por três tentos a um em Belo Horizonte só veio a trincar a taça (não sei se isto é possível) de confiança do torcedor. Os seguidos empates e derrotas culminaram em mais um empate e eliminação da competição continental.
Agora resta-nos juntar os cacos. Com um plantel limitado e diretoria equivocada (visto a contratação vultosa de Autuori, pois Rospide teria definido a vaga na final em Belo Horizonte) o Grêmio está em um balanço, tentando equalizar de um lado toda a sua tradição, camisa, raça, história e glórias com o outro recheado de jogadores omissos, apáticos, oportunistas que somados a incrível limitação e incapacidade financeira fragilizam o centenário clube da Azenha. Sem se preocupar com isso, o meliante denominado Kléber aproveitou-se e fez seu nome dentro da competição, te prepara “gladiador” de anões! A batalha de La Plata vai começar, só não esqueça tua máscara!
Falando em gripe A e alheio a toda esta situação, estão os gaúchos nos quais mais uma vez assistem apáticos as decisões do governo estadual. Assisti ontem no telejornal regional, o senhor secretário da saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, garantir que o governo estadual, juntamente com a polícia federal e agentes da ANVISA, estará presente efetivamente nas quinze divisas que o estado faz com a Argentina e o Uruguai ao invés das sete atualmente controladas (isso mesmo: sete!) para tentar combater o vírus da pandemia que assola o continente.
Se a cobertura das fronteiras se der na mesma rapidez com que as CPI’s descobriram o aparecimento da casa milionária da Yeda, a implantação do processo de irrigação estadual, a individualização da dívida rural das cooperativas rurais, os reajustes de salários aos mestres estaduais e ao melhoramento do plano de desenvolvimento regional através do projeto rumos 2015, caro leitor, compre já sua máscara. A gripe A está chegando.
Deste modo, não vejo diferenças entre futebol, dirigentes e torcedores, com a economia, políticos e a população gaúcha. Assim como torcedores da dupla GRE-NAL (como efetivamente é), o povo permanece atônito as questões políticas e econômicas que o cerca. Permanece anestesiado por promessas eleitorais, vídeos em DVD, possíveis viradas impossíveis, marketing oportuno, arrecadações absurdas, seja fiscal ou associativa dos clubes de futebol. Por fim, assim como o futebol que atravessa gerações, a economia resistirá aos seus colapsos passageiros, recheados de muita assimetria de informação, descrédito do mercado, corrupção, entretanto ela dá saltos quantitativos e de qualidade, mostrando-se imponente e fria à frente desses problemas periféricos.
Resta-nos avaliar as informações, reunir todo o arsenal (talvez uma bazuca!) crítico e tomarmos a melhor decisão, sempre, seja ela qual for. Do contrário, continuaremos assistindo passivos o controle dos nossos domínios, seja futebolístico ou econômico, é claro, sentados, com um bom café com leite.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Copa do Mundo de 2014, geraria um novo déficit orçamentário?

Novamente a seleção brasileira brilha e vence a copa das confederações tornando-se o time que mais vezes conquistou a competição. Depois de um jogo emocionante o Brasil venceu os EUA de virada por 3 x 2. Já se fala que os brasileiros são favoritos para o mundial de 2010. Aproveitando a deixa, em torno de três semanas atrás estava no Banco do Brasil efetuando um pagamento e escutei um torcedor reclamando que a copa de 2014 no Brasil é uma verdadeira piada! O país não tem recursos para investir em serviços essenciais como saúde, educação,etc e ainda vão realizar um mundial de futebol aqui (reclamava o torcedor).

No entanto, este cidadão não pensou no efeito multiplicador que poderá ser gerado na economia com os gastos em construção e melhorias nas cidades cedes. É claro, que deve-se considerar um possível rombo no orçamento destes municípios que serão sedes deste evento. Um valor calculado pela FGV estima-se que o gasto total será de aproximadamente de 35 bilhões de Reais o que equivaleria a duas vezes mais de 30% o orçamento para a Educação, ou quase nove vezes o orçamento para a ciência e tecnologia. Por, fim será que a copa do mundo no Brasil trará retorno positivo para o país, ou seria novamente “pão e circo” para o povo?


Fonte dos dados: http://www.oliveirawanderley.com.br/2009/02/jornalista-da-folha-critica-previsao-de.html